
CARTA ABERTA À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E AO GOVERNO
EM DEFESA DA CONCRETIZAÇÃO URGENTE DO PLANO DE AÇÃO PARA O BIOMETANO
CARTA ABERTA À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA E AO GOVERNO
Portugal enfrenta desafios energéticos e climáticos sem precedentes, encontrando-se num momento crítico para a consolidação do seu compromisso com a transição energética e a descarbonização da sua economia.
O Plano de Ação para o Biometano 2024 – 2040, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 41/2024, de 22 de fevereiro, mais do que uma resposta a exigências energéticas e climáticas, constitui um vetor de desenvolvimento sustentável alinhado com as metas europeias de descarbonização e com os compromissos internacionais em matéria climática.
Um Plano que é mais do que isso: é uma oportunidade única para o nosso País, que não pode ficar no papel. É urgente, inadiável e indispensável a sua implementação, com ações e medidas concretas, com investimentos sustentados e através de uma abordagem integrada que aproveite e potencie a utilização das infraestruturas existentes, nomeadamente no setor energético (acelerando os impactos económicos, sociais e ambientais), atribuindo ao biometano o lugar central que merece na política energética nacional.
Embora necessária a criação do grupo de acompanhamento do Plano de Ação para o Biometano, com a missão de assegurar o seu acompanhamento e coordenação, a sua existência não é suficiente para endereçar o conjunto de desafios que constitui a execução deste Plano.
Biometano: solução de transição e opção energética de futuro
Reunindo benefícios económicos, sociais e ambientais significativos, o biometano é uma solução de transição limpa, com enorme potencial para substituir o gás natural em várias aplicações (desde o consumo doméstico, dos serviços e da indústria à logística e aos transportes) e, assim, reduzir a nossa dependência externa de combustíveis fósseis.
O Plano de Ação para o Biometano prevê ser possível substituir 9% do consumo de gás natural por biometano até 2030, aumentando para 18,6% em 2040. Esta substituição permite reduzir significativamente as importações de gás natural (e os custos associados, de 136 milhões de euros até 2030 e 279 milhões até 2040), e, com isso, diminuir a dependência energética e tecnológica externa, contribuir para as metas nacionais de descarbonização e para o aumento da incorporação e diversificação das energias renováveis na matriz energética nacional.
Biometano em Portugal: um potencial inegável e ilimitado
Apesar do potencial inegável e das condições favoráveis que existem em Portugal, o setor do biometano permanece ainda por explorar. Urge, por isso, implementar o Plano de Ação para o Biometano, com metas claras e ambiciosas, articulado com um melhor enquadramento legal e regulatório (desde logo, para a produção e injeção de biometano na rede), com o reforço de incentivos fiscais e financeiros, nomeadamente ao investimento em unidades de produção e respetivas ligações, com a simplificação de processos de licenciamento e com estratégias de apoio a iniciativas e parcerias locais e regionais.
A União Europeia definiu a meta de 35 bcm de produção de biometano até 2030 no seu plano REPowerEU, reconhecendo, de forma inequívoca, o contributo desta fonte energética para a descarbonização da economia e para a segurança energética. Outros países europeus já avançaram, e de forma significativa, neste domínio, utilizando o biometano como alavanca para reduzir emissões, resolver desafios ambientais, fomentar a inovação e fortalecer as suas economias, sobretudo ao nível local e regional. Portugal não pode ficar para trás.
Biometano: motor de criação de emprego, de riqueza e conhecimento
A par dos resíduos urbanos, onde representa uma oportunidade para responder a um grave problema ambiental, a produção de biometano promove o aproveitamento de resíduos orgânicos provenientes da agricultura, da pecuária e da indústria, valorizados localmente e transformados em recursos e em energia, contribuindo para impulsionar a economia nacional (sobretudo o setor primário) através de uma progressiva circularidade.
Um setor que tem o grande potencial de dinamizar economias locais, incentivando o desenvolvimento de infraestruturas, serviços e tecnologias associadas, fortalecendo a coesão territorial e combatendo o despovoamento em zonas rurais e de baixa densidade populacional.
Além disso, a produção de biometano contribui para atrair novas indústrias e para impulsionar a inovação e a autonomia tecnológica, gerando um efeito multiplicador no emprego direto e indireto. Se compatibilizado com outros gases renováveis, o biometano servirá como alavanca para outras iniciativas de descarbonização, desde logo na aviação, no transporte marítimo e na mobilidade terrestre. A criação de postos de trabalho especializados, desde a recolha e processamento de resíduos até à operação e manutenção das unidades de produção, representará uma oportunidade única para qualificar a mão de obra local e estimular a atividade económica em territórios e em comunidades muitas vezes esquecidos.
Este modelo descentralizado de produção de biometano constitui um instrumento de justiça social, contribuindo para a redução da pobreza energética e garantindo que a transição energética que vivemos em Portugal é uma transição justa, em que ninguém fica para trás.
A hora de agir é agora
A transição energética que atravessamos e as metas exigentes de neutralidade carbónica com que estamos comprometidos internacionalmente não nos permitem adiar mais: estamos atrasados, e a hora de agir é agora.
Assim, apelamos à Assembleia da República e ao Governo para que tomem decisões que permitam a implementação das linhas de ação do Plano de Ação para o Biometano, nomeadamente quanto à sua calendarização, ao envolvimento e coordenação de vários ministérios e entidades, à definição dos incentivos, à promoção do quadro legal e regulatório necessário e à promoção da agilidade dos licenciamentos.
Temos em mãos a oportunidade única de transformar um desafio numa vantagem competitiva para Portugal, fazendo do biometano pedra angular da transição energética e do nosso desenvolvimento sustentável, assegurando uma energia limpa e uma descarbonização mais rápida, sem disrupções e mais económica (que poderá representar apenas um terço do investimento necessário para alcançar as metas nacionais). Outros países já iniciaram esta jornada, e fizeram-no com sucesso.
A transição energética não é apenas uma responsabilidade dos decisores e das instituições: é um desafio que exige o envolvimento de toda a sociedade. Mas cabe ao Governo e à Assembleia da República liderar este processo, com visão e com determinação.
A concretização do Plano de Ação para o Biometano é uma questão de urgência climática, económica e social, e Portugal pode e deve ser um exemplo na Europa na valorização de recursos renováveis e na transição para uma economia neutra em carbono.
Estamos perante uma oportunidade histórica. Não a
desperdicemos.
SIGNATÁRIOS
Adriano Silva
Agostinho Santos
Albino Lopes
Alexandre Correia
Alexandre Júlio
Alzira Sargento
Amândio Santos
Ana Branco
Ana Calhôa
Ana Marques
Ana Paula Silva
Ana Reis Sacristão
Anabela Antunes
André Lopes Gameiro
Ângelo Correia
António Eusébio
António Farracho
António José Capelo
António Manuel Vilarinho
António Moura
António Rijo
Armindo Nunes
Artur Rayagra
Artur Trindade
Ascenso Simões
Assunção Lopes
Baio Dias
Bernardo dos Santos
Bruno Faustino
Bruno Ferreira
Carla Almeida
Carla Lousa
Carla Paço
Carla Silva
Carla Sofia Vasconcelos de Sousa
Carlos Alberto Pacheco
Carlos Alberto Trindade Canhão
Carlos Eduardo Vieira de Oliveira
Carlos Figueiredo
Carlos Gonçalves
Carlos Lobo
Carlos Pereira
Carlos Ribeira
Carlos Teixeira
Cátia Rosa
Célia Palma Marques Nascimento Cabrita
César Maurício
Cláudia Sousa
Claudino Cipriano Monteiro
Cláudio Santos
Cláudio Saraiva dos Reis
Cristiana Rodrigues
Daniel Martins
David Bombaça
David da Silva Ribeiro
David Rosa
Diamantino Campos
Diogo Boldt Sousa
Diogo da Silveira
Duarte Vaz Pinto
Dulcineia Duarte
Eduardo Manuel Ambrósio Baleiras
Egídio Calado
Elisabete Teixeira
Elísio Paulo
Ernesto Henriques
Eugénio Fernandes
Eugénio Veiga
Fernanda Maria Dias
Fernanda Soares
Fernando António Soeiro Marques Franco
Fernando Capitão
Fernando Fernandes
Fernando Fonseca Silva
Fernando Leite
Fernando Madeira
Fernando Rosado
Fernando Santos
Filipe Anaro
Filipe Carvalho
Filipe Duarte
Filomena Alcaso
Francisco Almeida
Francisco José Lourenço Vitorino
Gabriel Sousa
Gonçalo Veiga
Hélder Nabais
Henrique Matos
Henrique Wilson
Hilário Barreto Domingues
Hugo Rigor
Ilídio Marques
Inês Brito Pereira
Isabel Macedo
Isabel Santos
Jaime Carlos Ferreira Braga
Janet Pereira
Jerónima Pinto
Joana Alves
João Carlos Mendes
João Dias Santos
João Fernando Roberto Costa
João Filipe Jesus
João Meneses
João Paulo Cardoso
João Paulo Castanheira Ferreira
João Paulo Pinto Machado
João Pedro Almeida
João Pedro Freire Borges Mendes
João Pedro Guerreiro de Almeida
João Ricardo Figueiredo Tavares Martins
João Rodrigues
João Safara
João Santos
João Soares Silva
João Torres
Joaquim Alexandre Sá
Joaquim Jorge Guerreiro e Cunha
Joaquim Moreira
Joaquim Pinto
Joaquim Rolo
Joaquim Rolo
Joel Murta
Jorge Costa
Jorge Cristino
Jorge Miguel Monteiro Valério
Jorge Rodrigues
José Alberto Costa
José Alcaso
José Almeida
José Alves
José António Afonso de Oliveira Rodrigues
José Barradas
José Borges
José Cruz Pratas
José Eduardo Monteiro
José Henrique Antunes Ferreira de Sousa
José Jorge Duarte
José Manuel Antunes Silva Ferreira
José Manuel Barradas Santos
José Manuel do Vale Machado
José Maria Espinosa Bedia
José Miguel Maximiano Gonçalves Ferreira
José Syder
José Valente
José Vieira
José Vieira de Carvalho
Júlio Marcelino Ferreira
Júlio Marques
Liberto Cardoso
Licínia Frazão
Lígia Pinto
Luís Belo
Luís Correia
Luís Costa Gomes
Luís Duarte
Luís Lopes
Luís Miguel Bento
Luís Mira
Luís Rito
Luís Ventura
Madalena Alves
Manuel Lourenço
Manuel Rijo
Maria Assunção Lopes
Maria de Jesus Tavares
Maria João Fernandes
Maria João Franco
Maria João Pimenta Coutinho
Maria João Vaz
Maria José Martins
Maria Sandra Balastreiro
Maria Simão
Maria Tavares
Mariana Paiva
Mário Martins
Mário Prada
Mário Rosa
Micaela Cruz
Miguel Balhau
Miguel Campilho
Miguel Faria
Miguel Henriques
Miguel Pontes
Milton Marques
Modesto de Morais
Mónica Ferreira
Natália Fernandes
Nélia Figueiredo
Nélson Faísco
Nélson Sousa
Nuno Afonso Moreira
Nuno Alexandre Borges Alves Monteiro
Nuno Alves
Nuno Delgado Pinto
Nuno Fernandes
Nuno Fitas Mendes
Nuno Fonseca
Nuno Gama
Nuno Lameiras
Nuno Nascimento
Nuno Ornelas
Nuno Vitorino
Pablo Kellner
Patrick Bárcia
Paula Ferraz
Paulo Alexandre Figueira
Paulo Barata
Paulo Brito
Paulo Cana Verde
Paulo Carvalho
Paulo Domingues
Paulo Guina de Moura
Paulo Luís Ferreira Lobo Correia
Paulo Manuel Jesus Seabra de Almeida
Paulo Nobre
Paulo Praça
Paulo Portela
Paulo Ribeiro
Paulo Rui Ferreira
Paulo Russo
Paulo Seabra de Almeida
Paulo Sousa
Paulo Vassalo
Paulo Veloso
Paulo Vieitas Antunes
Pedro César
Pedro Costa
Pedro Fernandes
Pedro Manuel do Souto e Silva
Pedro Miguel Santos
Pedro Romano
Pedro Santos
Pedro Soares
Pedro Souto
Raúl Balsinha
Ribau Esteves
Ricardo Correia
Ricardo Emílio
Ricardo Moreira
Ricardo Santos
Robi Silva
Rodolfo Abrantes
Rosa Henggeler
Rui Balastreiro
Rui Costa Neto
Rui Dias
Rui Duarte
Rui José Santos
Rui Manuel Lopes Correia
Rui Marques
Rui Miguel Martins Lourenço
Rui Miguel Vieira Dias
Rui Pereira
Rui Pinheiro
Rui Resende
Rui Sequeira
Rui Val
Rui Vieira
Salomé Duarte
Sandra Pereira
Sandra Santos
Sara Isabel Trindade Mira
Sara Nogueira
Sofia Brito
Sofia Correia Pinheiro
Sofia Santos
Sónia Alexandra Caeiro de Matos
Soraia Ferreira
Teresa Ponce de Leão
Tiago Carvalho
Valter Simões
Vanessa Fonseca
Vasco Ferreira
Victor Manuel Calvo Fernandez
Virgílio Costa
Vítor Silva Labrincha
Zacarias Saiegh
ENTIDADES
Associação para a Gestão de Resíduos
Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria
Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética
Bosch Termotecnologia, S.A.
Ecochoice, S.A.
Elísio Paulo & Azevedo, Lda.
ERI – Engenharia, S.A.
European Biogas Association
Floene Energias, S.A.
Gasfomento – Sistemas e Instalações de Gás, S.A.
Gás da Terra - Sociedade de Reconversão de Resíduos Agrícolas em Energia, Lda.
GR4PT, S.A
Grupo Mota Engil
Grupo Três60
Grupo Visabeira
HyChem, S.A.
Instituto Tecnológico do Gás
LIPOR – Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto
Monteiro & Irmão, S.A.
Pa Recycling, Unipessoal, Lda.
Pa Residel – Optimização Energética de Resíduos, S.A
Painhas, S.A.
Paradigma Milenar, Unipessoal, Lda.
Prado Energia, Lda.
PRF – Gás, Tecnologia e Construção, S.A.
Primus Ceramics, S.A.
Redegás –
Projeto e Instalações de Gás, S.A.
Rega Energy Group, S.A.
SOTANKS
Sysadvance, S.A.
Telelusa – Construção, Manutenção e Distribuição de Gás, Lda.
Ultragás, S.A.
Vista Alegre Atlantis, S.A.